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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cap. 14 - O tão esperado dia - o primeiro pagamento


Continuandooo...

A luz estava apagada ainda, mas pelas sombras que surgiram ao abrirmos a porta, percebi que eu iria me encrencar com essa primeira inspeção, e o pior, como dizem, a primeira impressão é a que fica, respirei fundo e acendi a luz da cabine.
Estava um desastre. Roupas em cima da cama, a cama desfeita, mancha de maquiagem na penteadeira, dedos no espelho. Para minha surpresa, o chefe Eldon nem reparou nesses "detalhes", o que mais irritou a ele, foi ver duas toalhas usadas penduradas nos ganchos ao lado do banheiro, a ordem dele foi sempre trocar as toalhas tanto a noite, quanto de dia, nos dois turnos. Então ele se dirigiu a mim, com uma cara nada contente e disse:
"Que passo aqui muchacho? Esta un desastre! Por que las toallas no fueram cambiadas? Habla a mi, HABLAAAAA!"
E eu mais que ligeiro respondi:
"Chefe eu limpei a cabine mas os passageiros voltaram, e desarrumaram tudo, e as toalhas, eu não troquei porque tem um aviso ali no banheiro (e realmente havia), dizendo que para ajudar o meio ambiente e a empresa, só se troca as toalhas que estiverem no chão, as que o passageiro deixar pendurada é porque eles não querem que troque, que vão reutilizar..."

O meu supervisor apenas olhou pra mim com um olhar de desaprovação, Eldon, o chefão, então ficou mais vermelho do que estava e gritou...
"TOALLAS NO CAMBIAM SE NO ESTIVEREM EN SOLO?" PORQUE NO CAMBIASTE ESTAS?"

Em primeiro momento eu não entendi o que ele quis dizer repetindo a pergunta, mas alguns segundos depois vi o que era. As toalhas foram arremessadas violentamente ao chão, a parede, e contra as malas dos passageiros. Eldon estava louco, jogou todas as toalhas, inclusive a de chão, em toda a cabine. E repetindo, "Entonces ahora tendre de cambiar!", ele jogou tudo no chão. Após o ataque de ira, ele saiu da cabine sem ao menos fazer a inspeção, que é claro, depois da cagada toda, nem era necessária né, e Curt o acompanhou. Ele gritava no corredor, com meu supervisor, Curt.

"Este tico no sabe de NADAAAAAAAAAAAAAA" "Usted no hablou o que ele tendria que hacer???" "ELLE NO SABES NADAAAAAAAAA"...

Os dois se distanciaram, eu me senti muito mal, não por mim, mas pelo Curt, meu supervisor, o cara sempre foi muito gente fina, não merecia aquele sermão por minha causa, apesar de realmente nunca ter me ensinado nada. Apenas cobrado, então, fazer o que não é? É o que tinha para aquele dia.
Depois que eles saíram, alguns camareiros que trabalhavam próximos foram até mim, perguntar o que havia acontecido. Eu expliquei e todos ficaram amedrontados, todo mundo fazia a falcatrua de receber REFUSED e por no DAILY REPORT que havia sido feita. Todo cuidado é pouco em navio, as vezes que você faz alguma coisa errada, sempre tem alguém pra dedar ou o destino faz com que a casa caia. Mas tirando essa vez que foi uma exceção, no restante eu me dei bem.

O Curt voltou no final do expediente noturno, para falar comigo, eram quase 11 da noite quando ele chegou, eu chamei ele, e pedi desculpas pelo acontecido, ele falou que a culpa não era minha, era apenas dele de não ter dado treinamento algum para nenhum dos novos camareiros que estavam nos decks onde ele era responsável. Fiquei feliz com a atitude dele, e mais feliz ainda por não ter me xingado e me dado trampo extra, ou ficado no meu pé. Passaram-se alguns dias, e ele juntou a galera de dois andares, somente os novos, e arrumou uma cabine pra gente ver como que era, passo a passo. Isso ajudou muito os novos e fez com que eu trabalhasse melhor.
Já era quase final do mês, e estávamos perto de receber o primeiro salário. No Crew Bar, depois do nosso longo expediente diário, conversavámos, eu e toda a galera, agora maior com a junção de outros setores como Bar e Restaurante, e uma cleaner que conhecemos, e logo que a conheci a contratei pra ser minha helper durante a semana caso eu precisasse, todos a conheciam como Lu, até ele trabalhar pra mim, assim que começamos a trabalhar juntos, eu sempre a chamava apenas de Help, nem helper era e sim help mesmo, e assim todo mundo passou a chamá-la. Ela não se importava, achava divertido, então o apelido pegou. Estavámos falando de como havia passado um mês quase, e já parecia estarmos a muito mais tempo dentro do barco. Verdade mesmo galera, a impressão que dava era que estávamos a uns 4 meses já, pois a vida lá dentro é muito intensa, acontece muita coisa todos os dias, é muita informação.
Haviam pessoas ótimas, personalidades fortes, mas que não estavam aguentando a saudade da família, um exemplo de um caso desse é nossa querida Larissa, nordestina arretada que morava em Floripa, ela trabalhava bem, não reclamava da rotina que levávamos, a única queixa dela era a saudade que sentia da família.
Fui dormir com esses assuntos na cabeça, o tempo que estávamos embarcados, com pensamento sobre a falta da família, e sobre a má impressão que deixei o chefe Eldon ter de mim.
Faltavam 4 dias para o dia do pagamento, e o relógio parecia andar em camera lenta...
Melhorei meu modo de trabalho, parei de fazer refused frequentemente como outros camareiros faziam, queria mudar a impressão que Eldon teve de mim. Meu supervisor Curt viu o quanto melhorei, ele sorria ao entrar nas minhas cabines, estava realmente satisfeito. A cagada é que o Eldon nunca mais acompanhou os supervisores nas inspeções. Então quando havia uma nova, eram dois supervisores, não mais o Eldon. Geralmente era o Morazan, que era quase um chefe Eldon, só que um pouco mais estúpido.
Após uma das inspeções que estavam tendo no nosso deck, eu e a Fran, que trabalhava na sessão ao lado da minha, nos juntamos em uma cabine para conversar a respeito da inspeção, com havia sido. Eu não havia tido problema na minha, ela também não, então como ela já estava por lá, começou a arrumar o banheiro e eu fui fazendo a cama. Ligamos a tv só para ouvir algo que estava passando. Quando ligamos estava no canal de filmes do navio, não estava em nenhuma emissora, o filme era DOIS FILHOS DE FRANCISCO. Já estava acabando o filme. Foi automático, eu e a Fran paramos o que estávamos fazendo. E olhamos a cena que passava. Era o final do filme quando Zezé di Camargo e Luciano estão num show, e seus pais entram de surpresa, que eles choram. Eu olhei para o lad, um pouco tímido, pois eu estava chorando também, e não me surpreendi quando vi a Fran, aos prantos, chorando e dobrando as toalhas.

- Eu to com muita saudade da minha mãe... - eu confessei a ela.
- Eu também, eu quero muito minha família, muito...

Nos abraçamos, e choramos mais um pouco. Não choramos pelo filme, mas sim pela emoção que seria rever nossas famílias, a gente entendia o que Zezé e Luciano estavam sentindo ao ver os pais ali do lado deles, a diferença, é que a nossa família, a gente só iria ver no final do contrato, e por mais que parecesse ter passado um bom tempo dentro do navio, ainda estávamos no primeiro mês...

Mas essa tristeza foi embora logo, pois finalmente chegou o dia do pagamento. O primeiro pagamento em dólar da minha vida.
O pagamento é dividido por setor, todos recebiam no mesmo local, mas em horários diferentes, o Housekeeping, recebia pela manhã, a partir das 9 da manhã, mas isso muda de barco para barco.
A fila estava grande, todos camareiros de primeira viagem rindo a toa, aguardando o tão esperado salário.
Eu era o primeiro dos novatos na fila, o restante estava atrás de mim, cheguei perto da mesa, o rapaz do outro lado dela pediu meu crew pass, eu entreguei, ele me deu um envelope com uma folha grampeada, pediu para que eu assinasse outra folha, também, então pegou o envelope e foi contar as notas na minha frente, para garantir que eu recebi exatamente o que estava no papel. Eu estava tão empolgado que nem vi que tinha o valor do lado da folha. E quando ele retirou as cédulas do envelope para contar e me mostrar, pensei imediatamente o que precisaria fazer logo depois de pegar aquele dinheiro....
"Preciso ligar para a minha mãe"...
O rapaz pediu para que eu assinasse a guia que ficava com ele. E foi quando eu conferi realmente o valor ao lado do meu nome...
Todos pararam de sorrir eu ver a minha expressão facial...
"Gustavo o que aconteceu? Quanto você ganhou?"
"Gu diz aí pra gente?"
"Nossa parece que viu um fantasma! O que ta escrito aí?"
Então eu fiquei de frente a galera, o envelope em uma das mãos, e o comprovante de pagamento eu outra, onde continha os valores. E falei..

- Olhem isso aqui!!!

Todo mundo olhou, até que uma das brasileiras mais velhas, mas não menos bela do que as mais novas, exclamou:

- Meeeuu Deeeuuus!

As palavras sairam lentamente da boca dela...




GALERA EU CONTINUO AMANHA OU DEPOIS BELEZA, LOGO QUE CHEGAR NO CAPITULO 20 EU FAÇO UM VIDEO RESPONDENDO TODOS OS COMENTÁRIOS, TO CURTINDO MUITO LER A OPINIÃO DE VOCS.. QUALQUER DUVIDA PERGUNTA.... VALEU MSM, ASSIM EU FIKO CADA DIA MAIS EMPLOGADO A CONTAR A MINHA HISTÓRIA A VOCES!!!!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

As primeiras desistências...


Era o último dia da primeira semana de cruzeiro. Um dos dias mais importantes para o navio todo. É o dia da entrega da "avaliação do cruzeiro". É entregue por nós, camareiros, um papel onde o passageiro escreve a opinião dele referente a cada serviço... Na Pullmantur, a avaliação do camareiro vem me duas partes, em limpeza da cabine e atendimento do camareiro. Faça de TUDO para que o passageiro de nota máxima a você, e se puder, deixar um comentário, isso ajuda muito, mas muito mesmo. Isso impede que seu chefe fique no teu pé, além do que, o bom atendimento rende gorjetas, e foi aí, no último dia, que soube que o importante aqui no Brasil, é sua simpatia e atenção com o passageiro, isso o conquista.
Gente confesso a vocês, quase chorei no último dia, me despedindo dos meus primeiros passageiros, parecia conhecê-los tanto, convivido tanto tempo juntos, mas no fim, era apenas uma semana, a primeira de muitas, e eles era os primeiros de muitos, mas a primeira semana é a mais difícil, a mais carente, a que você mais pensa em desistir.
Eu pensei, e todos os outros também pensaram, mas alguns não só pensaram, como fizeram.
O primeiro camareiro a desistir foi um que não me lembro o nome, mas era bem visível saber que ele não aguentaria, ele era enorme, tanto pra cima quanto pros lados, mal cabia dentro do banheiro das cabines, mas era uma pessoa maravilhosa, simpático, gente fina mesmo, mas para camareiro ele não daria certo.
Quando ele pediu o "sign off", o meu chefe direcionou ele ao Mister Nuno, o todo poderoso da Pullmantur, para ver se ele poderia mudar de setor, algo do tipo. Ele não quis mesmo, ele queria ir embora, e foi, junto com os meus queridos passageiros, ele desceu também, com um sorriso estampado no rosto. O primeiro desistente.
Não houve tempo para despedidas, pois era novamente, dia de embarque. Mas pelo menos dessa vez, eu peguei um helper. Um músico, brasileiro, ele não sabia nada, ensinei a ele o que devia fazer, ele fez, devagar mais fez, ajudou, mas o mal de helper brasileiro é que sempre quer dar uma de esperto, cobrando mais, fazendo menos, mas como eu era inexperiente e inocente, aceitei o preço que ele cobrou, e o serviço nas coxas. US$60,00 ele cobrou, não aspirou, nem repôs os amenites no banheiro.
Mas o restante ficou de boa.
Todos fomos almoçar, o comentário foi a primeira desistência, gorjetas, e novos passageiros. Havia comida no prato ainda, quando um dos supervisores chegou ao "crew mess" (restaurante da tripulação - refeitório). "Maletas, maletas", ele gritava. Nem podia terminar de comer, pior era quando eles iam batendo na porta das cabines onde a gente vivia, e se não atendesse, eles abriam, nossa um absurdo, o dia de embarque no Soberano era realmente um inferno.
Teve mais desistências nos outros setores também, na verdade, no Soberano o Housekeeping foi o setor menos vazado da época. Não que fosse mais fácil, mas haviam pessoas mais dispostas e mais loucas que os outros setores.
Por pior que fosse o dia, a maioria dos camareiros iam para o "crew bar", nem que fosse apenas para fumar, ou beber uma cervejinha, estávamos lá quase diariamente. E isso ajuda muito, a vida social é essencial num barco.
As semanas foram passando, e eu já não terminava as 15, 16 horas, com antes, agora eu conseguia terminar as 14 horas, mas o corpo continuava dolorido, calos que eu nunca tive, começaram a aparecer, junto com as gorjetas e cada dia me aproximando do dia do pagamento, o meu primeiro pagamento em dólar.
Nesse meio tempo, os supervisores avisaram que começaria a ter inspeção toda semana, para verificar o nosso trabalho e ajudar na evolução da limpeza da cabine.
Durante o primeiro mês, aprendi algumas coisas que me ajudaram a aguentar melhor o primeiro mês, que é o mais difícil para a mente e para o nosso corpo. Uma palavra que vocês que pretendem embarcar de camareiro vão amar: REFUSED!

O "refused" é a recusa do trabalho pelo passageiro, você bate na porta, e se o passageiro está dentro, oferece o serviço e caso ele recuse, que é ótimo quando acontece, você coloca no "daily report" essa palavra, o tal de refused. Mas claro que você não colocará em todos que receber, pois se tiver muito refused, teu chefe te mata.
Por isso eu não escrevia Refused, eu recebia refused e marcava como limpo, onde você marca horário de entrada e saída da cabine.
E num belo dia, eu resolvi fazer isso, fui numa cabine que eu sabia que o passageiro estava dentro, bati e ofereci a limpeza, no turno da noite claro, é onde você pode fazer isso, então recebi a recusa e não marquei refused, e sim as horas de entrada e saída, como se tivesse limpo a cabine.
Para o meu azar, eu não havia feito nenhuma ainda, apenas tinha ganho o refused de um casal. Foi quando eu escutei os rádios pelo corredor. Os rádios são um ótimo havia para que você saiba que sei chefe ou supervisor está chegando, como o Tic-tac do relógio do crocodilo em Peter Pan.
Mas pra piorar a situação, não era meu supervisor, o Curt, ou o meu chefe Eldon, eram os dois juntos.
Até então pensei que iriam apenas passar, mas pararam perto de mim, e perguntaram sobre o meu "daily report", mostrei ele, e foi quando disseram a mim:

- Arreglou solamente una cabina?

Eu confirmei meio gaguejando, mas disse que sim, eles continuaram:

- Entonces nosostros vamos haver una inspeción...
Eu dei um sorriso amarelo e fui caminhando até a porta da cabine, rezando para que os passageiros estivessem dentro, bati na porta uma vez, esperei 10 segundos, bati outra, nada, bati a terceira e última vez, eles não estavam na cabine.
Abri a porta e pensei...

FUDEU!


GALERA DESCULPEM A DEMORA PRA POSTAR, MAS EU TO TRAMPANDO AKI EM TERRA DAI FICO SEM TEMPO E TALS, TA COM POUCOS COMENTÁRIOS HEIN, UAHAUHAU COMENTEM GALERA Q AS VEZES PENSO Q NINGUEM TA LENDO DAI ESPERO MAIS TEMPO PRA POSTAR, E DIVULGUEM A AMIGOS E INTERESSADOS A ENTRAR NO NAVIO.... UM GRANDE ABRAÇO.... RS


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cap. 12 - Primeira semana - O CAOS


Continuando...

Após o grande e longo dia de embarque, fomos dormir, todos mortos, mal nos falamos, eu e os outros camareiros ficamos cansadissimos do trabalho.
Dormimos o máximo que conseguimos, mas não foi o suficiente. Agora sim, estávamos começando a trabalhar no navio. O trabalho de verdade.
A rotina começou, pegar a chave da sessão, ir até a lavanderia (laundry), dobrar as toalhas, e começar a limpeza das cabines.
Nesse dia, foi que conversei melhor com os passageiros, com menos pressa...
Uma das passageiras, chegou em mim toda feliz, e perguntou:

- "Você não se importa de sua gorjeta ser em reais, ou quer eu que eu troque em dolares? Onde posso trocar?"

Foi aí que comecei a me animar com o trabalho, respondi:

-" O que é isso, nem precisa..."

Falei isso pra ser simpático, mas tava louco para que ela me desse uma graninha.
Então ela disse mais algumas coisas, também querendo ser simpática e me entregou o dinheiro em reais.
Foi minha primeira gorjeta, 20 reais, não foi nada mais marcou por ser a primeira.
Aquela cabine foi a que eu mais caprichei no cruzeiro, seria a mais cuidada da semana, se a mulher e sua família tivessem ficado uma semana no navio. Mas não ficaram.
Continuei arrumando as cabines, cheguei na cabine do casa paranaense, havia dois bombons em cima da mesa, com um bilhete escrito.

"Esses bombons são para adoçar seu dia, um beijo"

Essa cabine sim, eu caprichei a semana toda, e foram passageiros inesquecíveis para mim. A primeira semana é a onde você mais se apega aos passageiros, pois ficamos muito sensíveis com tudo, e qualquer aproximação se torna forte e significativa.
Essa semana foi difícil, cansativa e longa, mas pra ajudar, o navio estava com problemas, os banheiros não funcionavam, a água também, algumas cabines alagaram, outras não tinham água, foi um verdadeiro caos. Os passageiros juntaram-se no segundo dia de cruzeiro na recepção, mais de 200 pessoas gritando, xingando e querendo seu dinheiro de volta. O negócio ficou feio pra a CVC, empresa responsável pelos navios da Pullmantur aqui no Brasil.
Metade dos passageiros desceram do navio, ficaram em um hotel pago pela CVC em Costa do Sauípe, e pagaram o vôo para cada um dos passageiros para Santos.
Foi o fim da viagem da família da minha primeira gorjeta, mas alguns passageiros meus preferiram ficar a bordo. Inclusive o casal paranaense, que eram hiper simpáticos, me deixavam algo na cabine todos os dias, incluindo gorjetas também.
Pessoas assim é que fazem o trabalho ser prazeroso, fazem o teu dia ser mais leve e valer a pena. Mas preparem-se porque nem todos os passageiros são assim. Precisa ter muito jogo de cintura para trabalhar com eles.
Nesta semana, a minha cabine alagou, eu e o Sandrinho tivemos que dormir em outras cabines e pedidos para nosso chefe arrumar o banheiro... Ele não arrumou, ele apenas nos trocou de cabine.
E pior, separou eu e o Sandrinho. ele foi morar com um colombiano, que me fugiu o nome da memória agora. E eu fui morar com um hondurenho, para ajudar, ele odiava brasileiro, e fazia questão de falar isso para mim, como se eu não fosse.
A situação do navio foi melhorando com o passar dos dias, eu estava lá a duas semanas, e pareciam um mês. Foi essa semana que fiz a primeira ligação para a minha mãe, de dentro do navio.
O telefone tocou algumas vezes, então ela atendeu, eu disse "Alô", ela respondeu toda carinhosa e feliz, deu pra sentir tudo isso na voz dela, amor sabe, aquele, só de mãe.
Quando ela disse, as palavras ficaram presas na minha garganta, subiram para meus olhos e saíram em forma líquida, mais conhecidas como lágrimas. Então chorei, chorei de verdade. Nunca fui de passar muito tempo em casa, com irmãos e minha mãe, sempre estava saindo, balada, amigos, festas e bares, nunca soube o quanto a minha família faria falta para mim. Foi lá no navio que descobri o quanto eu amava a minha família e o quanto eles fazem falta para mim. É amigos, não é fácil não.
Nessa primeira semana nos últimos dias dei umas passadas no crew bar, e comecei a interagir com a galera dos outros setores, era todo mundo muito gente fina, alguns mais sérios, outros hiper divertidos, mas todos pessoas de boas intenções. Até então, até então...

GALERA FOI MAL A DEMORA.... POR FAVOR COMENTEM E INDIQUEM A AMIGOS, SIGAM ALI DO LADO EM "SEGUIR" E me perdoem, era pra eu postar mais hoje, mas meu pai não para de falar e eu não consigo me concentrar.... #paisemnoção

FOTO: Camareiras na fila para pegar a chave... na verdade a chave é um cartão magnético