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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cap. 7 - A Chegada


Continuando...

Chegamos ao aeroporto de São Paulo, como vocês sabem, tem o de Congonhas e o de Guarulhos, o meu era Congonhas. O povo todo reunido esperando o horário do vôo, foi aqui que as amizades começaram a surgir.
Eu estava sozinho sentado em um banco e uma de pele morena clara veio até mim. Perguntou as horas e sentou com os amigos dela um bando próximo. Ela devia ter 1,65 m de altura e era magra, cabelos encaracolados um pouco pra baixo dos ombros, e estava com mais 3 pessoas. Um rapaz de média estatura de olhos azuis, bem branco e cabelos loiros, outro alto de olhos verdes e cabelo castanho escuro, outra moça loira, de aparelhos nos dentes, olhos castanhos e corpo bonito.
Eu, curioso, perguntei.

- Vocês vão embarcar também?
- Sim, a gente vai pro navio. Você é tripulante também?

Eu confirmei e o papo começou. A morena se chamava Marli, a loira Fran, o loiro chamavamos de Gale, e o alto se chamava Denilson.
Ficamos conversando até que o vôo o horário do vôo, nisso já estavam mais tripulantes na conversa, um deles se chamava Sandro. Muito gente fina ele.
Pegamos o vôo pra Recife, alguns de vôos diferentes, mas no final todos nos encontramos no aeroporto de lá. Um calor da porra, quase derreti, era dia 6 de Dezembro de 2008.
Estava quente e eram Vans que estavam nos levando pro navio.
Eu fui em uma das últimas vans.
Nossa é espetaular quando você chega ao lado do navio.
Enorme, nossa enorme mesmo. Pelo menos na primeira impressão.

- Nossa véio, isso aí é um bairro navegante.
- Enorme né, e é nossa casa...
- Uhuuuul!

Fotos e videos foram feitos. E uma fila para entrar, tivemos que subir uma escada, as malas foram levadas por nós mesmos mas veio a tripulação que já estava lá ajudar.
Eu estava esperando na fila, já quase na minha vez quando ouvi alguém cantando, Luis Caldas, Haja Amor. Música velha, mas que por algum motivo ficou gravada na minha mente. E a menina cantou:

- Eu queria ser uma abelha pra pousar na sua flor...
Eu completei:
- Haja amor, haja amor.

Ela olhou pra trás sorrindo. Eu retribui. Me aproximei, ainda arrastando minha mala.

- Oi, eu gosto dessa música...
- Eu adoro...
- Meu nome é Gustavo...
- O meu é Dani...

Esse foi o momento mágico que fez com que eu conhecesse a minha querida e inesquecível Dani. A minha grande parceira de aventuras nesse mundo paralelo chamado "ONBOARD".

COMENTEM E SIGAM.. AMANHA CONTINUO PQ PRECISO SAIR JÁ RSRSRS

FOTO - A primeira que tirei do navio.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cap. 6 - A ida



Continuando...

Como fomos de ônibus, a viagem durou umas 13 horas, bem cansativas por sinal.
Chegamos em Paraíba do Sul no domingo a noite, ficamos em uma pousada. A cidade é minúscula e você pode andar ela inteira a pé. A pousada onde ficamos era grande e ajeitada. Tinha piscina, uma (mini) academia, e os quartos eram todos chalés convidativos e de tamanho bom.
Os quartos foram divididos, todos jantamos, conversamos um pouco e logo fomos dormir. Eu dividi o quarto com mais 3 caras, o Saulo, o Jiraya e o Pequeno. Nos demos muito bem logo de início, e continuamos cada da melhor a amizade. Os caras eram muito gente fina e a gente ficava i dia todo dando risada.
Então começou o batente. O Curso é um pouco cansativo, pois são dois dias inteiros de aula teórica, e um de aula prática. A prática é a melhor. Muito divertida.
Nesse STCW eu ganhei o apelido de "Delícia", porque fiquei com uma mineira lá e ela só falava isso pra qualquer situação: "Aí que delíííííciiiaaaaa" , e então pegou.
O curso acabou, teve a festa de despedida e a assinatura dos certificados. Não recebe o certificado na hora, porque ele precisa ser mandado para a Marinha e ser carimbado lá, para valer alguma coisa.
O curso acabou. Mas são dias tão intensos, que você sai de lá parecendo conhecer essas pessoas tanto tempo, que até chora na hora de despedir-se. Muito massa.
Tenho amizade com a galera de lá até hoje. São pessoas que tem o mesmo objetivo que você, a mesma ambição, sonhos parecidos, então as idéias fluem muito bem.
Agora eu já estava em casa, mantendo contato com a galera do curso e sabendo de novidades através deles e da agência. Fiz os exames médicos e agora só estava esperando a data de embarque.
Os exames podem ser feito onde você consiga fazê-los, o importante que devem ser traduzidos para o inglês e ter todos os exames pedidos no requerimento da agência. Claro que a agência vai dizer que você deve fazer em laboratório "tal", depois apresentar pro médico "tal". Mas isso não é realmente necessário, você pode tentar fazer ou no seu plano de saúde ou até mesmo na rede pública. Se caso a agência disser que tem que ser lá, peça um documento que comprove isso, que tem que ser no laboratório e etc.
Agora tudo feito, amigos do STCW foram embarcando, pois eram a maioria da Ibero, e eu enchia de perguntas cada um que embarcava, mas lá o tempo pra internet é pouco, além de ser cara, então quando entra na internet no navio, é pra ver coisas mais urgentes mesmo.
O meu amigo Bruno embarcou em Barcelona, fui levar ele até a rodoviária, pois o vôo dele saía de São Paulo. Ele chorou um monte e foi. Eu pensei que estava chorando pela despedida, mas no dia em que fui embarcar eu entendi o choro, pois chorei também.
Meu namoro havia acabado, eu estava terminando os estudos, fazendo uma peça de teatro e já não estava trabalhando mais. Nada me impedia de embarcar a qualquer momento.
Foi quando na última semana de aula, e também semana da formatura e da apresentação do teatro, a agência entrou em contato comigo.

-Gustavo seu embarque está marcado pra Sábado, mas sábado você já tem que estar no navio, então temos um ônibus que vai levar todos os novos tripulantes até São Paulo e lá vocês pegam o vôo até Recife, e lá vai embarcar no Sovereign of the Seas, da Pullmantur ( o famoso Soberano).

Eu apenas concordei, e um sorriso de orelha a orelha surgiu no meu rosto, eu ia realmente embarcar, e faltavam apenas 5 dias.
Já comecei arrumar a mala, fiz a formatura, apresentei o teatro, e fiz uma festinha de despedida para os amigos mais íntimos na minha casa.
Agora faltavam apenas algumas horas para a minha ida a São Paulo e o começo dessa imensa aventura que é trabalhar a bordo de um navio.
Eu estava indo pela grana, pela mudança de vida, pela viagem e também para me afastar de tudo que estava me deixando triste, nesse caso, meu namoro.
Quando eu namoro eu acredito mesmo na relação e me dedico muito a ela, isso me faz sofrer e acabo sendo sempre aquele que ama mais. Isso antes de embarcar, pois você aprende e muda muito depois de um contrato em barco.
Meus amigos estavam lá, comendo pizza, dando risada comigo. Minha família toda, irmãos, cunhados, sobrinhos, todos lá. Eu sentia que faltava alguém, era ela, a pessoa que me fez feliz e podia fazer ainda, mas não estava ciente disso, a pessoa que eu amava, mas que não podia mais ficar ali esperando por um amor que não chegava.
Faltavam 40 minutos para o ônibus sair, eu ainda estava em casa, minha mãe me apressava, e eu enrolava, foi quando ela disse.

- Gu, ele não vai vir.
- Eu sei.

Me despedi de todos lá em casa, peguei a minha mochila e fui empurrando para fora do meu quarto.
Quando for fazer sua mala, leve roupas leves mas não esqueça de levar roupa de frio também, pois a ida para Europa é bem fria, e você ainda não conhece seu futuro no barco, então nem sabe para onde vai quando chegar na Europa, então seja precavido para que não tenha que comprar roupas a cada porto que descer.
Leve um tênis confortável, sapatos e chinelos. Fotos e lembranças de amigos fazem bem. Pegue uma folha no sulfite, escreva os objetivos seus nessa folha, escreva o porque você está embarcando nessa. Imprima e se puder plastifique. Ela vai ajudar muito na hora que você pensar em desistir.
Eu já havia saído do meu quarto, passado pelo corredor, meus amigos me acompanhando, e quando fui passar pela minha mãe e vi ela olhando para mim, não aguentei.
Chorei. Chorei muito, como uma criança indo no primeiro dia de aula, que não quer separar-se da mãe. Eu soluçava, minha mãe me abraçou e perguntou se não era isso que eu queria. Era, claro que era. Mas a sensação de deixar teu lar, pra um lugar que você não sabe o que é, é uma sensação muito esquisita. Mas passageira. Após muitas lágrimas, consegui sair de casa e ir até a agência, a Marinês e a Bela me levaram de carro, fomos dando risada e já nos despedindo. Cheguei na agência e vi. Eram mais de 60 pessoas que iriam embarcar comigo, muita gente do sul. Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre, uma galera mesmo, fora as pessoas de cidades menores também do sul. Mulheres, homens, a maioria muito jovem, na casa dos 20. Se via no rosto de cada um o nervosismo e a ansiedade de chegar logo no tão esperado embarque.
Eu já havia entregado os papéis lá dentro, agora estava esperando só a chegada do ônibus. Nisso fiquei no Hall de entrada do hotel, lá estavam mais tripulantes, e falei com um deles. O nome dele era Cleverson, falamos pouco, ele ia na função de "bar waiter", era do interior, e era sua primeira grande viagem. Ele tinha olhos azuis, cabelos escuros e era alto, um sorriso bonito e carismático. Muito bonito ele. Mas nesse dia eu não estava pensando em nada além de embarcar logo naquele ônibus e deixar aquela vida para trás. Ainda estava um pouco triste com a ausência da pessoa que amava na despedida. Mas era algo para superar.
Os ônibus haviam chegado, e a galera começou a entrar. Eu enrolei um pouco, fui um dos últimos a embarcar. Eu estava colocando a bagagem no porta malas, meu telefone tocou.
Era ele, o meu ex. O telefone tocou várias vezes, e eu não atendi. Por mais forte que foi a vontade. Não atendi.
Já não havia ninguém fora dos veículos, apenas eu e o pessoal da agência fazendo uma espécie de chamada, eu iria entrar na Van (eram 2 onibus e uma van), quando ouvi umas buzinadas ensurdecedoras. Todos estavam olhando para a rua, e eu logo fui ver também o que estava acontecendo. Era ele. Vinha com seu carro numa velocidade espantosa, mas eu entendi o que era. Ele realmente precisava me dar o último abraço.
Eu não resisti dessa vez. Ele parou o carro no meio da rua e levantou-se, gritou meu nome me procurando, eu apareci e nos beijamos, nos abraçamos, e todo mundo ficou de boca aberta.
Me despedi do Juliano e entrei na Van, todo mundo me olhava sem falar nada. Até então ninguém se quer suspeitava que eu pegava homens também, pois não percebe-se nada falando comigo, mas nunca me importei de saberem disso, inclusive ali.
Foi uma despedida de cinema, ele chorou muito e eu entrei na Van chorando. Uma menina me abraçou e eu logo parei de chorar, sentei em um dos últimos bancos da Van. Pensei comigo.
"Pronto, e agora como vai ser?"
Virei pro lado e adormeci.

DESCULPE EU CONTAR ALGUMAS COISAS QUE NÃO AJUDAM VOCÊS A RESPEITO DE TRABALHO E TALS, MAS ESTOU CONTANDO REALMENTE TODA A MINHA VIDA REFERENTE AO EMBARQUE, E TUDO ISSO SÃO COISAS QUE NÃO ESQUECI E FAZEM PARTE DE TUDO ISSO. NO PRÓXIMO CAPITULO COMEÇAREI A CONTAR SOBRE A CHEGADA NO BARCO E O MEU PRIMEIRO DIA.

FOTO - Stcw, pagando 10!

domingo, 27 de junho de 2010

cap. 5 - A Preparação


Continuando...

Liguei pra agência, agora eu teria que tirar uma grana do bolso, fazer um curso obrigatório da marinha, o STCW, além disso exames médicos e documentos, como certidão negativa (para antecedentes criminais), passaporte ( que eu ainda nao tinha), etc...

Vocês que estão fazendo entrando para essa vida agora, hoje já preferem que vá fazer a entrevista com documentos em mãos, quanto mais coisas prontas você puder ter, melhor. Mas na ralidade acho mais justo você fazer o curso STCW só depois da entrevista, pois aí é certeza que não será um dinheiro perdido.
Passaporte já faça antes, que é um ponto a mais tê-lo. E se você ter grana e puder fazer o STCW também, faça. E também existem cursos "profissionalizantes" que te prepara melhor para o que vem. Aí já é opção de cada um. Pois os cursos não são tão baratos assim. Mas se for pra ajudar a você engrenar nessa vida de mamagaio, vale a pena o investimento. Bom, voltamos a minha história.

Agora complicou mais, eu não tinha tanta grana, então ainda era setembro, e os embarques estavam previstos para o final do ano, eu fui fazendo as coisas aos poucos. Primeiro fiz o passaporte, certidão negativa, e as cópias de documentos, foto 3x4, cd com os documentos digitalizados e etc. Ficaram faltando os exames médicos e o stcw.
Na época, o curso do STCW não era feitos aqui em Curitiba, era feito no Rio de Janeiro, em Paraíba do Sul. Hoje se pode fazer em diversos lugares e cidades. Como na época eu era inocente, nem pesquisei nada e apenas paguei o custo do curso na época. Que além dos custos de curso normal, também incluía transporte (Curitiba- Paraíba do Sul) e hotel. Tudo isso me arrancou 1000 reais do bolso, apenas o curso STCW.
Eu estava penoso na época, mas ainda bem que tenho uma mãe que é mais que uma santa, me ajudou horrores e me emprestou a grana.
Meu amigo Bruno já havia feito o curso e disse que era muito divertido, eu fiquei ansioso para o dia da minha ida. Eu fiz o curso em 9 à 13 de novembro de 2008.
Quando chegou dia 9, eram 8 da manhã e eu estava na agência. Haviam mais umas 40 pessoas lá, esperando a chegada do ônibus. Pessoas de várias idades, cores e profissões.
Pessoas formadas, viajadas, universitários, pessoas sem estudo e professores. Realmente é uma miscigenação do caramba.
Uma das meninas da agência iria acompanhar nosso grupo na viagem, todos nós a chamávamos de Ju.
Enquanto o ônibus não vinha, o povo ia conversando. A maioria tinham sido aprovados pela Ibero Cruise, poucos eram da Pullmantur, mas havia. Uns iriam de bar, outros restaurante, fotográfos, SPA, recepção. Aprovados para todo tipo de cargo existente a bordo.
Nem todas as pessoas são legais, algumas são contadores de histórias, outros mal educados, outros mesquinhos e assim por diante. Mas quando eu chegar na parte de quando eu estiver embarcado você verá que realmente só os fortes sobrevivem.
O ônibus havia chego. Os 42 futuros marinheiros entraram, acompanhados por Ju e eu.
A viagem de um curso inesquecível havia começado.

CONTINUO AMANHÃ. GALERA VALEU POR ACOMPANHAREM, SEI QUE TODOS QUEREM QUE EU CHEGUE LOGO NA VIDA A BORDO, MAS AGORA FALTA POUCO RSRS. GOSTO QUE SAIBAM CADA DETALHE QUE ME FEZ CHEGAR LÁ E VENCER.
COMENTEM E SIGAM.
um grande bjooo!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cap. 4 - A Segunda Entrevista - Pullmantur


Continuando...

A entrevista estava muito próxima já, eu tinha apenas uma semana para me preparar, pra Pullmantur, exigiam inglês, e eu tava sem grana pra mais algumas aulas com a Dona Leda. Estudei o conteúdo que eu tinha, e como já tinha a papelada feita por causa da entrevista pra Ibero Cruise, só faltava esperar chegar o dia.
A cada dia eu ficava mais ansioso, decorei algumas frases em inglês e algumas perguntas. E como ocupei meu tempo, os dias passaram mais rápidos, até que a semana já havia acabado e o esperado dia da entrevista da Pullmantur chegou...

Dessa vez meu amigo não estava lá comigo, fui com um pouco de medo, pois meu inglês era péssimo. Mas mesmo assim criei coragem e entrei na agência.
O clima estava totalmente diferente, pois como foi anunciado a necessidade de inglês, eram pouquíssimas pessoas que estavam fazendo a entrevista. Para ganhar tempo, o entrevistador chamava de 4 em 4 pessoas. Independente do cargo.
Como eram poucas pessoas, não demorou 5 minutos eu fui chamado, e e mais 3 pessoas, um homem e duas mulheres.
O homem atrás da mesa se chamava Nuno, mas todos ali se referiam a ele como Mister Nuno. Ele é português, deve ter no máximo 40 anos, alto e forte, amedrontava um pouco.
Eu me sentei na primeira cadeira, os outros se acomodaram ao meu lado nas outras 3.
COmo eu temia, ele começou a entrevista em INGLÊS.
Foi mais ou menos assim:

- How are you? (Como estão vocês?)
Cada um de nós respondeu educadamente a pergunta. Então foi quando ele se dirigiu a mim.

- How old are you? (Quantos anos você tem?)
- 23 years old. (23 anos). Eu respondi.
Ele continuou.
-Where you live? (Onde você mora?)

E foi aí que ele me pegou, pra vocês verem como eu era leigo no inglês. Eu não entendi o que ele quis dizer. Eu fiquei pensando em "life" e "Leaf", vida e folha, não pensei em morar, viver, que era o que ele tava perguntando, então eu soltei um...
- Hã?
Ele repetiu a pergunta, e eu fui ficando cada vez mais nervoso, vermelho e comecei a suar. Os entrevistados ao meu lado me olhavam, uns com vontade de ir, outros com vontade de ajudar, mas no fim nenhum deles moveu um dedo, um lábio, nada.
Então eu iria soltar mais um "hã", mas ele se dirigiu a menina ao meu lado, e me deixou relaxar. Acho que percebeu o quanto eu estava nervoso com a situação.
A moça do lado queria trabalhar no bar, tinha experiência em lanchonete porque a família era dona de uma, ela arrazou no inglês, como os seguintes, que era um rapaz de Floripa, que fez entrevista também para o bar, já tinha experiência com bares. Mister Nuno perguntou muita coisa sobre drinks, coquetéis e tudo sobre bar para o rapaz, e tudo em inglês. Se vocês forem fazer entrevista para o bar, cuidado, ele pergunta drinks, marcas de bebidas importadas e pede que você cite item por item de algum drink que ele pedir. A outra moça era pra recepção, falava inglês e tudo, mas não era tão cativante, e ele nem perguntou muita coisa pra ela, deixou ela um pouco de lado.
Então ele voltou a mim. O único que tava se fodendo com uma simples pergunta "where you live". Até hoje não sei como consegui ser tão idiota.
Ele repetiu a pergunta mais uma vez.
E eu sem pensar, repeti.
- Hã?
Então ele, como um bom português, falou em sua língua nacional.
- Você não fala inglês não é?
Então eu falei que eu estava estudando, que até quando fosse embarcar eu estaria preparado para o inglês.

A partir daí a minha entrevista foi em português. E a do restante do grupo também, acho que por minha causa.
Ele perguntou se eu já havia trabalhado em hotéis, e eu nunca havia trabalhado, mal arrumava minha cama em casa, então respondi.
- Claro que sim!
Ele perguntou aonde.
Eu lembrei de 3 hotéis, 2 onde minha avó trabalhou, e o hotel sede da própria agência.
- Villagio, Ouro Verde e Terrazas.
Então comecei, falei que fui camareiro, ele perguntou se eu gostava da função, entçao eu falei que sim, só que não gostei muito de trabalhar no Ouro Verde, então ele perguntou o porque...
- É porque lá não havia muitos hóspedes, e eu ficava muito tempo parado, e eu não curto ficar parado, pois o tempo não passa, prefiro que acha muito trabalho para que os dias corram rápido e chegue logo o dia do pagamento.
Todos nós rimos, inclusive o Mister Nuno. Acho que foi com essa que ganhei ele.
Ele continuou a entrevista normal. E logo todos nós fomos dispensados da sala. O resultado da entrevista iria sair em alguns dias, no site da agência.
Quando chegamos lá fora, os companheiros de entrevistas conversaram comigo, tiraram um sarrinho sobre a minha dificuldade no inglês. E eu fiquei totalmente desacreditado.
Liguei para minha mãe, falei o quanto fui mal, liguei pro meu amigo Bruno. Contei a ele também.
Ao final, fui para casa sem esperança de ter passado.

Os dias se passaram, a minha vida continuou. Eu briguei com minha supervisora no Call Center, ela fez máfia para que eu pedisse pra sair, e eu pedi mesmo, e ainda no último dia falei pra ela.

- Eu vou sair, você conseguiu, mas daqui um tempo estarei muito melhor que você, ganhando em dólar...

E sai da estação da minha equipe e fui embora.
Aquilo saiu da boca pra fora, pois já fazia um mês que eu tinha feito a entrevista da Pullmantur, e eu nem havia consultado o site, pois já sabia do resultado após eu gaguejar na pergunta em inglês.

Um belo dia em casa, agora desempregado, passava as tardes em frente ao computador, na internet, e meu amigo, o aprovado pela Ibero, Bruno, mandou o link da agência para mim, para que eu pudesse ver as regras do navio.
O link que ele mandou foi direto da página de regras de tripulante. Deu uma lida por cima, desanimado, e quando fui fechar a página, tinha um atalho no lado direito do site escrito assim

"APROVADOS ENTREVISTA PULLMANTUR"

Eu, na curiosidade cliquei lá.
Foi quando alguns segundos depois apareceu uma lista de nomes, onde estava escrito
LUIZ GUSTAVO CORRÊA!

Meu Deus!
Quando eu li eu nem acreditei, depois da cagada que fiz na entrevista, eu havia passado. Fiquei surpreso comigo mesmo, na mesma hora mandei o link pro Bruno, e liguei para minha mãe.
Ambos ficarem hiperfelizes por mim.
Então lembrei do que eu havia dito para minha ex-chefe, e ri, ri litros. E mandei uma mensagem no orkut para ela, com o link.
UAhuaHAUHUAHUAHu

Então liguei pra agência para ver o que seriam os próximos procedimentos, até o meu embarque...

LOGO CONTINUO GALERA, TD DIA VOU POSTAR, FOI MAL ONTEM FIKEI SEM NET!

COMENTEM E SIGAM ALI PELO BOTÃO SEGUIDORES! ABRAÇÃO

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cap. 3 - A ENTREVISTA


Continuando...

Cheguei na agência, roupa social, sapato engraxado, barba feita. Currículo na mão, foto e uma pasta trazendo toda os papéis e uma colinha das aulas de inglês da Dona Leda.
Entrei na sala de espera e vi que não era o único ali. Eram mais de 50 candidatos, claro, existiam várias vagas mas foi um pouco assustador ver tanta gente ali, e o pior, pessoas conversando em inglês, eu pensei comigo "Fudeu!"
Eu fiquei um pouco apavorado, mas nem tanto quanto meu amigo Bruno, ele estava pior. Lia repetidamente as frases comuns de entrevistas em inglês, até que chegou uma boa notícia.
A entrevista para a Ibero Cruise não exigia inglês, mas dava preferência pra quem tivesse experiência na área.
E segundo meu currículo, experiência não era problema pra mim, pelo menos foi o que escrevi ali.
Como havia inúmeras pessoas a serem entrevistadas ainda, e os 3 entrevistadores que estavam na agência já tinham que viajar para Florianópolis, eles começaram a selecionar as pessoas para entrevistas. Só entrava na fila quem já tinha experiência em hotel.
Metade foi embora, eu, mesmo não tendo, e Bruno também, continuamos.
Cada um dos estrangeiros entrevistava um departamento, candidatos de restaurante com um, de bar para outro, e camareiro entre outras vagas referente a limpeza de hotel, com outro. Esse outro que entrevistava a respeito de "housekeeping" (guardem os nomes em inglês que são muito usados), o nome dele era Aparício, um espanhol, simpático. Mas seco quando quer.
Eu e o Bruno ficamos como um dos últimos a serem entrevistados, e eu e ele fizemos exatamente a mesma história, estágio não remunerado, curso, e falamos sobre a necessidade de grana, os planos que tinhamos para ajudar a família e etc.
Falamos exatamente tudo igual, a diferença foi que ele foi entrevistado antes que eu.
RESULTADO:
Bruno foi aprovado pela Ibero Cruise, não necessitava inglês, apenas experiência ( que ele deu um truque e disse que tinha), e um pouco de talento de ator para se fazer de coitado e demonstrar realmente precisar do emprego.

Geralmente eles aprovam pela força de vontade que você demonstra na entrevista, falar inglês é importante, mas não é primordial.
O que mais pesa é se você vai aguentar ou não o trampo, porque é pesado (muito pesado)!

Esperamos alguns dias para ver o resultado no site, em muita surpresa, não achei meu nome lá. Mas fiquei feliz pelo meu amigo.

Falei com a mulher da agencia, ela falou que teria outra entrevista, para a Pullmantur, a diferença é que na Pullmantur exigiam inglês ou espanhol, se soubesse os dois melhor ainda, e também experiência.
Em minha mente na hora passou a idéia: "IMPOSSÍVEL".
Mas mesmo assim falei pra ela.
- EU VOU!

GALERA FICO FELIZ POR ESTAREM ACOMPANHANDO MINHA TRAJETÓRIA, VOU ESCREVER AQUI EXATAMENTE TUDO QUE FIZ E TAMBÉM TUDO QUE FIQUEI SABENDO REFERENTE A ISSO!
TÃO CURTINDO? ENTÃO APERTEM SEGUIR ALI DO LADO, PQ QTO MAIS GENTE MAIS ME EMPOLGO PRA ESCREVER!

PS: FOTO DA ROUPINHA USADA PARA ENTREVISTA, SORRISINHO FALSO É BRINDE UAHAU

domingo, 20 de junho de 2010

Cap. 2 - A Preparação


Já iriam fazer 5 meses que eu estava na Brasil Telecom, telemarketing, um dos piores empregos da minha vida, porém divertido. Namoro pior que novela mexicana, eu PRECISAVA mudar de vida. E a oportunidade surgiu.

Sabemos que emprego em navio é uma grana legal, mas NINGUÉM vai trabalhar a bordo somente pela grana, sempre tem uma história além do dinheiro, relacionamento, mostrar pra família que é capaz, mudar de vida ou até mesmo só pela experiência.

Sendo assim, a oportunidade surgiu através de um contato de um amigo meu. Eu nunca imaginei e nem pensei sobre trabalhar a bordo, nem de barco eu tinha andado ainda, outras línguas então? uHUAhuahU NEM PENSAR!
O Bruno recebeu uma ligação da amiga dele, que teriam entrevistas para trabalhar a bordo, ele se informou a respeito, mas ficou meio cabreiro de ir sozinho, e como somos amigos a anos, ele me convidou a ir a entrevista com ele.
Como não falamos inglês, fizemos 5 aulinhas particulares com a Dona Leda, uma senhora de peitos siliconados que mora aqui no Água Verde, em Curitiba.
Eu só tinha o inglês de colégio, e colégio público ainda, então imagina, o Bruno, tava pior, que nem o do colégio ele tinha aprendido.
A cada dia que a entrevista se aproximava, mais ansiosos ficávamos. Tentavamos treinar o pouco inglês que aprendemos, mas não adiantou de muita coisa. Não tinhamos mais grana para pagar as aulas com a Dona Leda, tivemos que arriscar assim mesmo.
A Agência nos deu uma folha com a lista de documentos que precisávamos apresentar no dia da entrevista.

Foto 3x4 e 10x15 com traje social
Curriculo
E o que pudesse trazer de documentos referente a trabalho e experiência em hotel.
(cursos e etc)

Aí fudeu, eu nunca tinha trabalhado em hotel, mas como sou abusado, resolvi incrementar o meu currículo.
Coloquei experiência em hotel, e além disso coloquei que fiz estágio NÃO REMUNERADO, só para aprender a função de CAMAREIRO, porque estava muito interessado em trabalhar em navio!

LOGO POSTO MAIS SOBRE ESSA EXPERIENCIA? ALGUÉM TA LENDO?

SE TIVER COMENTA AIH PRA EU SABER AUHAUHAUHA

Apresentando...

Então galera, eu sou um tripulante veterano de navios, já trabalhei em 4 barcos, 3 pela empresa Pullmantur e um da Ibero Cruises. Vou contar com detalhes toda a minha trajetória e tudo que rola lá dentro, sem cortes, com toda a verdade. Máfias, rolos, preferências, isso desde a minha primeira entrevista, até hoje.
PREPAREM-SE, VOCÊS SABERÃO COMO REALMENTE É A VIDA A BORDO.